Almanaques,
uma leitura gostosa
Wanderlino
Arruda
Há
muita leitura gostosa circulando em livros, jornais e revistas.
Há leituras de muito sabor na amizade das cartas, dos
pequenos bilhetes, até nas folhas avulsas. Mas, deliciosa
mesmo é a leitura dos almanaques, o mais popular dos
repositórios de sabedoria bem dosada e ao alcance de
todos! Como são interessantes os livretos de poucas
páginas e papel comum distribuídos a cada ano
pelos laboratórios e pelas farmácias! Como são
úteis e inofensivos os ensinamentos e as linhas de
bom humor inserido ao lado dos anúncios de remédios!
Cultura útil ou inútil, pouco importa, a leitura
de almanaque é um agradável tônico pra
a alegria do coração e um colírio para
o descanso das vistas. Haja bem, o filósofo bancário
Antônio Joaquim, leitor incansável de tudo que
é passa-tempo.
Caiu em minhas mãos, na arrumação de
gaveta da biblioteca, um já passado Almanaque Sadol
83, da 38a. edição, distribuída pela
Farmácia Almeida, de Taiobeiras, do meu velho amigo
Antônio, uma das vidas mais admiráveis que tenho
conhecido. Que delícia, D. Lisbela, principalmente
para a senhor que tanto sabe apreciar as curiosidades da vida!
É quase como aquela propaganda que a Prefeitura fez
da cidade. Foi mesmo confortável, bonita e gostosa?
É quase assim... Não precisa fazer por menos!
Veja você, D. Vera Lúcia, mulher de Antônio
Joaquim, que cultura aproveitável para seu famoso marido
de Grão Mogol, com radicais gregos, palavras que indicam
medos e manias:
ACROFOBIA – medo de altura;
CLAUSTROFOBIA – medo de lugares fechados;
GERONTOLOGIA – medo de velhos;
ICONOMANIA – paixão por quadros e imagens;
MEGALOMANIA – mania de grandeza;
MISOGAMIA – medo de casamento;
MISOGINIA – medo de mulher;
MITOMANIA – mania de mentir;
LOGOMANIA – mania de falar demais;
PIROMANIA – impulso incendiário;
ANDROFOBIA – medo de homem, de exemplares do sexo masculino.
(Não precisa o Tone anotar, são palavras muito
conhecidas para quem jogou futebol no seminário do
Bairro Melo...).
Veja como o automóvel é perigoso! Desde a invenção,
principalmente depois do aparecimento dos fordinhos-de-bigode,
essas maravilhosas máquinas já mataram mais
de vinte e cinco milhões de pessoas, superando o número
de mortos de todas as guerras travadas no mesmo período
deste século. O fato de a China, o país mais
populoso do mundo, contar com o mais baixo índice de
acidentes automobilísticos dá o que pensar:
é o país mais pobre em relação
ao número de automóveis em circulação.
Lá existe um veículo para cada 11.600 habitantes.
Estatística inferior até a de Maria da Cruz.
Os japoneses de Tóquio consomem mais de mil cobras,
diariamente, para fins medicinais, apesar da venda destes
répteis ser proibidas por lei naquele país.
As cobras são expostas vivas nas vitrines das lojas
especializadas, para que os fregueses possam escolher entre
os mais variados exemplares. A cobra cozida é considerada,
entre os nipônicos, como remédio infalível
contra tuberculose, reumatismo e até câncer!
Para nós, em alguns lugares do Nordeste, quando a fome
aperta muito, a cobra tem servido para aliviar o aperto do
estômago!
Aprenda mais sobre o mel: meio quilo de mel é o produto
do néctar de 7.500.000 flores. 100 gramas de mel contêm
tantas calorias quantas se encontram em dois ovos de galinha.
O mel exerce forte influência sobre a pressão
sanguínea, rebaixando-a. Puro, ele contém 70
a 75% de açúcar de uva. Mais de 90% dele, sem
problema algum, é absorvido pelo sangue. Os médicos
recomendam o uso do mel, indistintamente, para qualquer pessoa
em qualquer idade.
Tudo bem, tudo certinho! Mas, será que nossos “meleiros”
do lado esquerdo do Cintra dispõem das abelhas, das
flores, das uvas e da fórmula do almanaque para manutenção
da indústria de mel que o JMC tanto reclama na última
página?
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