Comunicação
Wanderlino
Arruda
Neste
mundo global em que vivemos, a palavra-chave de nossa vida,
feliz ou infelizmente, passou a ser comunicação,
um polissílabo quase todo moral de valor semântico
bastante elástico, já um tanto deteriorado em
todas as línguas, creio que por muito uso e muito abuso.
Depois de Mac Lulian, teórico e divulgador da nova
ciência, não se fala noutra coisa, e comunicação
passa a ser quase artigo de primeira necessidade, nas ruas
e nos lares, na cidade e no campo. Desde a hora de se levantar
até a hora de dormir, estamos jungidos, sem defesa,
à comunicação, ora sujeito, ora como
objeto e, por mais incrível que pareça, até
como meio e mensagem.
Há como que uma pletora de funções na
comunicação, os multimeios, as multifinalidades,
uma verdadeira ditadura informática, capaz de nos tornar
robôs, sem liberdade e sem ação própria.
Somos, é verdade, navegantes do mar de comunicados,
recebidos em todas as horas e minutos da vida, até
durante o descanso, quando ouvimos música e durante
o sono, quando sonhamos e fazemos oníricas andanças
ou vilegiaturas. Aí estão os correios, a televisão,
o telégrafo, o telex, o telefone, um fantástico
mundo dos teles, incorporados ao nosso dia-a-dia, criando
e eliminando barreiras, trazendo sossegos e desassossegos.
Para descomplicar um pouco, lá na Universidade de Michigan,
o professor Lasswedd procurou estabelecer normas para tornar
mais efetiva a comunicação, livrando muitas
criaturas do cansaço e da má interpretação,
e criando condições de melhores entendimentos.
São perguntas simples que todos nós podemos
fazer a qualquer hora e a pretexto de tudo: quem? Diz o que?
A quem? Através de que meio? Com que finalidade? Normas
comuns, mas bastante importantes, já formuladas em
passado remoto pelos sábios e curiosos gregos, forjadores
e construtores da nossa ocidental civilização.
Quem? O que? Para quê? Por quê? Onde? Quando?
– perguntas que feitas e respondidas com segurança
dão perfeita informação a qualquer assunto,
falado ou escrito.
Não nos esqueçamos que em qualquer comunicado
ou comunicação haverá sempre seis elementos
essenciais: o emissor, o recebedor, o canal, o código,
o referente e a mensagem – itens cantados e decantados
também por Martinet, por Buhler e por Jakobson, cobrões
no estudo das funções da linguagem. O emissor
será sempre uma primeira pessoa, no singular ou no
plural: eu, nós. O recebedor, uma segunda pessoa: tu,
você, vós. O referente, uma terceira: ele, ela,
eles, elas. Sua Excelência, etc. O canal é o
meio: carta, bilhete, telex, programa de televisão,
jornal. O código é a língua, direta ou
cifrada, o símbolo, o signo. A mensagem é o
conteúdo da comunicação.
Estudados esses elementos, conhecidos em seus valores, em
suas funções, a comunicação terá
um resultado bem melhor, bem mais positivo, com ênfase
centrada no ponto mais importante e no alvo onde o comunicador
deseja atingir. Assim, ela poderá estar valorizada
no emissor ou no recebedor, tornando-se expressiva e emotiva,
para o primeiro, ou apelativa e conativa para o segundo. Poderá
ser poética, quando a mensagem valer por si mesma,
como texto, mesmo que não haja preocupação
de conteúdo. Poderá ser metalingüística
quando explicativa, quando dirigida ao código, e fática,
quando se referir diretamente ao canal, quando for um teste
de aproximação. E, por fim, referencial, quando
voltada para o assunto, o referente, a pessoa de quem se fala.
Comunicar é mais do que informar. É transmitir
e receber reações. É integrar-se em sociedade.
Comunicar bem é bem conviver. Quando diz o que a quem
e com que finalidade?
Voltaremos ao assunto.
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