Doce
encanto”
Wanderlino
Arruda
DOCE
ENCANTO – Dário Teixeira Cotrim – Edição
própria. Capa de Konstantin Chistoff e ilustração
de Samuel Figueira. DOCE ENCANTO é o terceiro livro
de Dário Teixeira Cotrim, poeta baiano, funcionário
do Banco do Brasil – Cesec Montes Claros. Um excelente
prefácio de Lázaro Francisco Sena, coronel e
professor, seu conterrâneo de Ceraíma também
apaixonado pela baianidade e pela poesia. Para Lázaro,
o livro de Cotrim fala da mansa rebeldia e do sensualismo
bem comportado, sem descair na lascívia, um amor redivivo
em todo o percurso, desvestindo o corpo feminino sem falso
pudor, evidenciando formas dengues e encantos.
Dário Teixeira Cotrim, durante muito tempo, publicou
poemas no Jornal de Domingo, suplemento do JORNAL DE MONTES
CLAROS, sempre aplaudido por sua sensibilidade como cantor
da beleza feminina, bom poder descritivo de formas, sem exagero
de adjetivação. Seu forte é a saudade
baiana pela terra em que nasceu, eterna lembranças
de pessoas e paisagens, movimentadas tramas do tempo de menino,
antes de ser tornar mineiro de Bocaiúva e Montes Claros.
Agora, com a publicação dos poemas eróticos
de DOCE ENCANTO, toda a sensualidade da linguagem poética
do autor explode, traduzindo imagens lúdicas e lúbricas,
embora com o comedimento esperado, até mesmo porque,
segundo tudo indica, a musa principal é Júlia,
sua mulher, a quem dedica a obra num acróstico que
fala de “único amor da minha vida em flor / lembranças
d’um passado com fatos / incomuns e desejos... e pecados.../
a cada instante na beleza deste amor!”
Muitos são dos poemas, a maioria falando de aventuras
vividas, outros com manifestações de sonhos
e acordamentos, criativos em imagens que chegam a proclamar
fogos de incontidos. Destacam-se pela sensação
de vivência: Júlia, As Rosas, O Beijo, Eu Amo!
Doce Olhar, Minha Musa, Nega, Escrupulosa, Clara e Negra,
Lembranças, Deixa-me Sonhar e Teu Corpo Suave. A dúvida
se Júlia é única inspiradora do poeta
é que ele, possivelmente buscando inspiração
nos estilos do Classicismo e Romantismo, cria o paradoxo claro-escuro,
falando ao mesmo tempo de mulheres claras e mulheres negras:
“É tão negra a doce Clara! É tão
clara a doce negra...”
“São duas ninfas unidades / Num mesmo leito,
vividas / Do mesmo gozo e desejos”. “São
dois corpos, loucas feras! / Que vivendo em primaveras / Vão
se encontrar no infinito”.
DOCE ENCANTO tem uma ilustração belíssima,
num dos momentos mais felizes do desenho de Samuel Figueira.
Nus perfeitos, que cantam e encantam, valorizando grandemente
a concretização do elemento verbal tão
sensível na poesia do Cotrim.
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