O
homem filosófico
Wanderlino
Arruda
Do
grego PHIILOS, amante, e SOPHIA, saber, o filósofo
antigo e moderno é o amigo do conhecimento, o que busca
saber comum, o especulativo, procurado, buscado. O homem,
amante da filosofia, tem como forma de adquirir o conhecimento
à reflexão, o raciocínio, a investigação
da verdade. Para Aristóteles, a Filosofia era todo
o saber, e incluía também o que hoje chamamos
Ciência. Era, em suma, a totalidade do saber humano,
a totalidade do racional, incluindo conhecimentos adquiridos
através da luz natural da revelação divina,
compreendendo a extensão do significado da vida.
O homem filósofo, o amante do saber, comemora com o
progresso do pensamento vários milênios de meditação
e de observação, séculos de estudo e
formulação de juízos em face dos fatos
e das experiências realizadas no campo da ética,
dos conceitos, dos conteúdos, tanto no prisma intelectual
como no afetivo. A filosofia constitui, de fato, a súmula
das atividades evolutivas do Espírito. Suas equações
são as energias que fecundam a Ciência, espiritualizando-lhes
os princípios, até que unidas uma à outra,
indissoluvelmente, penetrem o átrio divino as verdades
eternas.
Enquanto o homem científico busca o “COMO?”,
o homem filósofo busca o “PORQUÊ?”
– Ao primeiro interessa o processo, a reação,
o modo de fazer ou realizar as coisas ou as ações,
o resultado material, a mecânica. Ao segundo o que é
pertinente é a razão de ser, a causa, o comportamento.
“De onde vimos, onde estamos, para onde vamos?”
Filosoficamente, podemos afirmar que as etapas evolutivas
são resultados de natureza extrafísica, destacando-se
o pensamento, a inteligência, a cultura, o repertório
de experiências. Para o filósofo – e é
este que responde – a vida é uma escola. O próprio
Platão sempre afirma que aprender é recordar.
Se na experiência individual ou coletiva, não
importa, porque a cada geração a experiência
anterior é aproveitada. Nossas ações
de hoje já representam o processo de acumulação
do aprendizado pretérito, assim como nossas vocações,
nossas idiossincrasias são apenas elementos repetitivos
de aprendizagem anterior.
Como material maior da filosofia, em todos os tempos, encontra-se
aquele mais resistente de todas as civilizações,
o que se tornou indestrutível e eterno: a palavra o
“verbum”, o “logos”. Trabalhada de
todas as formas, em todas as línguas e dialetos, nas
mais variadas culturas, em toas as correntes políticas
por que passou a humanidade, a palavra tem sido, sempre o
elemento marcante, personalizador de identidades, a forma
de viver e de pensar. A palavra tem vestido em todos os séculos
e em todos os minutos, a ação e o pensamento,
a ciência e a arte.
O homem filósofo tem como instrumental maior do seu
trabalho, da sua forma de viver, do “savoir vivre”,
a palavra. É ela o elemento fundamental da vida, o
que, aliás, distingue o racional do bruto, o mais civilizado
do menos civilizado. É a palavra em última análise,
a decodificação, o explicativo de cada atitude,
de cada ato, de cada coisa. De todas as metalinguagens, a
mais perfeita, a mais conclusiva é a da palavra. O
homem é o animal que fala. E quando fala e pensa no
que fala, medita e sabe meditar, procura e encontra a causa,
o homem é o filósofo, o amigo do saber.
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