Quarenta
anos do BB
Wanderlino
Arruda
Há
poucos dias um fazendeiro já idoso, magrinho, alegre,
radiante de simpatia, sóbrio no vestir e elegante,
entrou na Agência de Montes Claros, do Banco do Brasil,
e fé uma oferta ao gerente, que deu muito o que pensar
e, parece, mudou temporariamente os destinos de muitos funcionários.
Rápido e preciso, muito prático, o homem chegou
e foi logo ao assunto: fora um dos primeiros clientes da Agência,
no início de 1940, quando precisou de um empréstimo,
e recebera tratamento excelente e imediato, o que lhe resolvera
um grave problema de família e de negócios.
- Nunca me esqueci da confiança que o Banco do Brasil
teve em mim, naquela época em que eu era apenas remediado.
Foi uma bênção! É por isso que
eu venho oferecer-me para ajudar na festa de comemoração
dos cinqüenta anos. Os senhores podem dispor do que precisar
e estiver ao meu alcance!
A visita do antigo cliente, amigo agradecido de meio século
foi o sinal de partida para a preparação do
programa de aniversário de 50 anos do BB de Montes
Claros. Administração e funcionários
estão agora conscientes de que a festa não pode
ser pequena, tendo de ser um grande evento, uma marca inesquecível
na história da cidade e da região. Afinal, foi
o Banco do Brasil, em todos estes muitos anos, a grande locomotiva
a puxar os carros do progresso nos trilhos deste sertão,
ajudando e orientando na formação de milhares
de propriedades e de negócios em todos os ramos da
economia. Na verdade, ninguém poderia prever o que
seria de Montes Claros e do Norte de Minas não fosse
o Banco do Brasil, a maior instituição brasileira
desde D. João VI, como temos costume de dizer, 180
anos de honestidade legítima, um das empresas mais
respeitadas do mundo.
As primeiras providências para a grande festa já
estão agendadas pelo gerente Itaumari Teles de Oliveira.
Antigos clientes e funcionários serão logo logo
convocados para a tarefa de organização, coleta
de documentos, levantamento de estórias, relatos de
alegria e gratidão de tudo que o Banco proporcionou
e recebeu. É uma história rica de detalhes e
muito dinheiro de lutas ingentes cronometradas pelo rigor
das horas e dos minutos, numa contabilidade que nunca falhou.
É provável que exista alguma instituição
tão séria como o Banco do Brasil, mas mais responsável
e correta é impossível. O Banco é o padrão,
é um modelo maior do que permanece de nobreza neste
País.
Tenho em mãos os primeiros documentos da primeira semana
de funcionamento da Agência de Montes Claros, salvos
há uns 8 anos de um processo de incineração
de arquivo. São papéis preciosos também
à história da cidade, com assinaturas de Sebastião
Sobreira, Hélio Thompson (o primeiro gerente). Daniel
da Fonseca Júnior (Danielzinho de Jequitaí,
uma das principais personagens de Guimarães Rosa),
Mário Versiane Veloso, Godofredo Guedes, Geraldo Lourenço
de Oliveira (o primeiro recibo de salário), Levindo
Dias, José Dayceli, Genésio Tolentino e Cândido
Canela. São documentos de ordens de pagamento, cheques,
tomados de empréstimos, depósitos (ainda selados),
compra de cerveja para os operários da reforma do prédio
(Rua Governador Valadares ou ainda Coração de
Jesus) e reconhecimento de firmas. Tenho também uma
carta do meu amigo Necésio de Morais, uma memória
privilegiada, que muito vai esclarecer pormenores do início
de funcionamento.
Vai ser interessante o levantamento da história da
Agência, e muito mais importante deverá ser a
festa de Janeiro de 1990. Das personagens do primeiro mês
da Agência só duas estão vivas: José
Pereira de Souza (tio do Samuel Figueira) primeiro é
do Cartório de João José Salgado, escriturário,
e Cândido Canela, auxiliar com um recibo feito a mão
e a mesma letra que ele tem até hoje.
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