Há
vários caminhos para a gente saber os nomes
de ruas e praças de Montes Claros: percorrer
a cidade de ponta a ponta ou folhear o catálogo
telefônico na parte dos endereços,
lendo e anotando os destaques em negrito. Primeiramente,
logradouros sem nomes, ou seja somente com números,
Rua 1, Rua 2, etc., até começar
pela Rua Abel Sena e terminar pela Rua Zulma Antunes
Pereira, bem no finzinho do alfabeto. Uma delícia
a viagem, a pé, de pé, assentado,
dependendo do percurso escolhido e de como fazê-lo.
Na prática, não adianta você
ter pressa, porque o gostoso mesmo é ver
e sonhar frente a cada denominação,
seja nome de gente, de santos, seja de palavras
que indicam pedras, metais, flores, cidades, províncias,
países e até continentes. Há
ruas e praças com títulos de coronéis,
padres, engenheiros, príncipes, deputados,
donas, irmãs, doutores. Trinta infinitos
doutores, onze donas, cinco engenheiros. Viúvas
somente duas: Viúva Francisco Ribeiro e
Viúva Paculdino, a primeira no centro,
a segunda no Jaraguá II, coisa de incrível
machismo, porque, merecendo a homenagem, deveriam
ter nas placas os próprios nomes e não
os dos maridos. Dou um doce a quem encontrar os
nomes delas nas famosas listas dos 150 x 2, da
Prefeitura, e dos 300 da acadêmica Milene.
Apesar de ser normal que nomes de vias públicas
sejam de pessoas já do outro lado da vida,
pelo menos três montes-clarenses receberam
homenagem em vida: Mestra Fininha, Teófilo
Pires e Hermes de Paula. Hermes chegou a ter três
ruas, mas tendo reclamado o excesso, ficou com
apenas uma. A Rua Simão Ribeiro, quarteirão
fechado, ao contrário do que muita gente
pensa, não é de Simeão Ribeiro
Pires, mas de Simeão Ribeiro dos Santos,
o tio. Bem curiosos os casos de algumas praças
com nomes e apelidos: a Doutor Chaves é
praça da Matriz; a da Santa Casa é
Honorato Alves; a da Catedral é Pio XII;
a da Estação é Raul Soares;
a do Automóvel Clube é a Doutor
João Alves; a Doutor Carlos que era praça
do Mercado, hoje é Doutor Carlos mesmo.
Wanderley Fagundes nunca poderia ter seu nome
na praça onde está e acabou tendo
por teimosia do seu amigo e prefeito Toninho Rebello.
Ela está no centro do bairro Todos os Santos,
local de somente destacados apóstolos e
famosos figurantes do calendário da Igreja.
De nada adiantaram as reclamações
à época, porque Wanderley acabou,
com justiça, canonizado por Toninho. O
Brasil tem seis ruas, Brasília e as Guianas
três. Bélgica, Bolívia, Argentina
e Colômbia, duas cada uma, além de
mais algumas antecedidas pela palavra República.
A capital de estado com mais ruas é Porto
Alegre, com três, mesmo tanto que tem Lázaro
Pimenta. A flor mais homenageada é a violeta,
com quatro. Há ruas da Boa Esperança
e da Boa Vista, da Sorte e da Felicidade. Ruas
com os nomes de João, José, Maria,
Nosso Senhor e Nossa Senhora, Santo e Santa são
muitas e muitas. São muitas também
as começando por Lagoa, inclusive Lagoa
do Bagre e Lagoas Cabalana e Canacari, que nem
Haroldo Lívio deve saber o que significa.
Quatro ruas Esmeralda, quatro Pedra Azul, três
de Coração de Jesus, cinco dos barões.
Uma de Tu Peixoto, uma de Janete Clair, uma de
Ivete Vargas e duas de Urbino Viana. Duas do Cruzeiro,
nenhuma do Atlético. Daniel Costa já
mudou duas vezes: era praça, onde está
o Shopping Mário Ribeiro (Shopping popular),
passou para o lado da Santa Casa e depois, para
ceder lugar para o Cel. Luiz Pires, foi para o
Jardim São Luiz. Dezenas de ruas têm
o nome de Francisco, Geraldo e Geralda; cinco
dos índios Guaranis, sete do governador
Magalhães Pinto. Nota final, realmente
triste: Antônio Lafetá Rebello poderia
ter ficado no centro, mas foi para o Santa Lúcia
II; pior para os admirados doutores Alfeu Gonçalves
de Quadros e Pedro Santos, até o momento,
zerados na lembrança cívica. Uma
pena!